sábado, 31 de janeiro de 2015

(Resenha de Mangás) #1 - Boku no Hero

Começando com Boku no Hero!


*essa resenha contém o mínimo de spoilers possível, mas se deseja evitar todo e qualquer spoiler sobre a série, recomendo que a leia antes do meu texto.

A minha primeira postagem no blog tinha que ser sobre meu mangá favorito do momento, Boku no Hero, um novo mangá na Jump que estreou de uma forma bombástica, roubando primeiros lugares do super popular One Piece.  Comecei a ler pois estava intrigado com sua boa colocação na Jump, e devo dizer que não me arrependi nem um pouco. Boku no Hero utiliza clichês já muito batidos de mangás shonen e ainda assim consegue dominar a revista. A pergunta é...como? Como um mangá tão típico consegue ser melhor do que outros que vieram antes dele?

A história se passa num mundo em que as pessoas têm poderes sobrenaturais e o trabalho de herói é fundamental para o funcionamento da sociedade. É válido afirmar que o mundo orbita em torno dos heróis e as pessoas que não têm poderes são fortemente discriminadas e taxadas de inúteis. No entanto, nesse contexto, o protagonista, Midoriya Izuku, apelidado de Deku por ser considerado um fracasso, é diagnosticado como um indivíduo sem poderes. Izuku sonha em se tornar herói desde que assistiu na TV o herói All Might salvar pessoas inocentes, e o almeja por razões puras e altruístas de querer salvar o próximo e fazer o bem. Ele idolatra essas figuras como entidades que existem somente para salvar as outras pessoas. Ele enfrenta muitos problemas, mas não desiste de realizar seu sonho. É nesse contexto que ele se depara com seu ídolo de infância, All Might, e a partir daí, a vida dele se transforma completamente.

All Might, dando esperança para Izuku.
All Might é um personagem carismático, icônico e incrivelmente bem feito, marcado por um passado obscuro que remete certamente ao futuro vilão central da história, que brilha em todas as paginas que aparece devido ao toque especial dado a ele pelo autor, desde a arte “ofuscada” delineada em seu físico até suas frases de feito americanizadas (DETROIT SMASH). De qualquer modo, ele é um personagem cheio de personalidade que reflete muito bem a visão do Izuku de heróis.

Cume da EPICIDADE (e do neologismo)
O Izuku aparenta inicialmente ser daqueles personagens estáticos que não recebem nenhum desenvolvimento porque receber algum desenvolvimento acarretaria na perda de fãs desse personagem ou o autor simplesmente não entende a importância disso e não se importa. Reborn foi exatamente assim. O Tsuna começou e terminou o mesmo mané patético de sempre, sem nenhum avanço interno ou externo. Sorte que o autor de Hero tem a cabeça no lugar então, porque ele muda bastante ao longo da história. Muito disso vem da relação dele com o All Might, que o concede poderes extraordinários e o impulsiona mais e mais a se esforçar e ganhar destaque como herói.  Além disso, é demonstrada diversas faces do mesmo Izuku, em vista dos inúmeros desafios enfrentados por ele. Vê-se um Izuku transtornado, lutando pela primeira vez contra heróis, que é onde testemunhamos sua capacidade estratégica de primeira classe quando o assunto é VERSUS entre heróis. Também se vê um Izuku mais confiante e batalhando a pressão de ter que se destacar para herdar propriamente as habilidades e a notoriedade do seu mentor.

Izuku, o estrategista.
A história, inicialmente, retrata esses dois personagens, mas logo mais outras personalidades entram em cena. A maior preocupação que um leitor mais crítico deve ter é a fraqueza dos personagens secundários em face dos protagonistas (nesse caso, são o All Might e o Izuku). Não há necessidade para se preocuparem com isso nesse mangá. Logo no primeiro arco, suas qualidades e defeitos são rapidamente e eficientemente estabelecidos.

O grupo de heróis, prontos para o teste, em roupas..,no mínimo bizarras.
O maior defeito e talvez único defeito, no entanto, é a arte. Ela, em geral, tem duas funções num mangá que se preze: 1. Saber transmitir os sentimentos dos personagens em cujas cenas essa atenção é exigida, além de conseguir “falar” através de imagens (relacionada à storyboard¹). 2. Ser limpa e de fácil entendimento (arte propriamente dita).  O mangá peca nessa segunda parte, principalmente nas cenas de ação, que são confusas demais de vez em quando que chega a ser irritante. Pelo menos a primeira ele sabe trabalhar muito bem. Dá pra sentir a emoção do Izuku quando ele está passando por um momento difícil, a felicidade dele quando realiza alguma tarefa difícil e a graça de quando faz uma cara extremamente hilária (isso acontece sempre, é de matar de rir). Peço desculpas de antemão pela quantidade de imagens abaixo, mas é praticamente impossível convencer um leitor convencional do impacto da arte através de palavras.

Da série, Deku e suas expressões:

DEKU SURPRESO
DEKU ENVERGONHADO
DEKU TRISTE

DEKU…WTF!?
Então, repetindo a pergunta: O que faz de Boku no Hero um mangá superior a muitos outros shonens permeados de clichês que fracassaram em obter popularidade? Bem, a despeito do cenário retratado já ter sido usado milhares de vezes, sobretudo em HQ, e os clichês serem abundantes, os personagens sobem neste palco pacatamente organizado, nesta peça pacatamente produzida, e mostram, firmam, a força de suas personalidades através de sua atuação esplêndida enaltecida pelo forte enredo.


Você pode ler esse mangá na Kyodai Scans, grupo responsável pela scanlation dessa excelente série.

¹storyboard: Storyboard são organizadores gráficos tais como uma série de ilustrações ou imagens arranjadas em sequência com o propósito de pré-visualizar um filme, animação ou gráfico animado, incluindo elementos interativos em websites.

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